Entrevista: Professor Wallace Bonicenha – Amor ao Centro

Entrevista: Professor Wallace Bonicenha –  Amor ao Centro

Da lição de luta vitoriosa de resistência contra a demolição do prédio da FAFI na década de 80, me levou  juntamente com Suely Carvalho Soares e Carlos Benevides Lima Junior a solicitarmos Tombamento do Relógio da Praça 08 em 1992, projeto como de regaste e valorização de nossa  história a recente reforma do Mercadão da Capixaba, venho me dedicando, participando e buscando a ressignificação do nosso bairro", declara, o Professor Wallace.

POR Mário Antônio Berardinelli Bernabé

AMOR PELO CENTRO

Com uma  capacidade de diálogo, o professor de história, declara que é morador do Centro de Vitória por opção, por ser um apaixonado pela arquitetura histórica que o “Bairro Centro” possui, que é herança dos povos que a construíram. Os monumentos Históricos tombados, as igreja, as escadarias, a arquitetura, a geografia, o verde da Mata do Maciço Central e da Gruta da Onça, as residências, o nosso capixabês tupi guarani  e as instituições que resistem ao tempo, apesar dos descasos de gerações, necessitam de uma visão que somente pela cultura do pertencimento poderão tornar nossos valores históricos e atuais, verdadeiramente valorizados.

“A minha vida no Centro nasceu naturalmente,  cheguei a Vitória em 1985 para a realização do curso de História na UFES,  e nesse momento fui por  recebido por movimento dos estudantes de Arquitetura/UFES que através um grande laço colocado na fachada da FAFI chamava atenção para o abandono do prédio da FAFI, que estava em desuso, e para outros monumentos, em completo abandono,  eu  e estudante universitário iniciei minha paixão, uma e minha luta na  preservação amor pela região do Centro. Tudo que o Estado é, passou pelo nosso bairro, seja pela presença dos povos originários,  seja pelos registros deixado a partir do século XVI, quando Duarte de Lemos assume a admiração e de sua sesmaria, ou quando a a ilha do mel e das fontes, se torna a sede da Capitania de , Vasco Coutinho se tornando Vila.

Da lição de luta vitoriosa de resistência contra a demolição do prédio da FAFI na década de 80, me levou  juntamente com Suely Carvalho Soares e Carlos Benevides Lima Junior a solicitarmos Tombamento do Relógio da Praça 08 em 1992, projeto como de regaste e valorização de nossa  história a recente reforma do Mercadão da Capixaba, venho me dedicando, participando e buscando a ressignificação do nosso bairro”, declara, o Professor Wallace.

“A Associação de Moradores do Centro – AMACENTRO é reconhecida pela Conselho Popular como única representante  legítima dos moradores do Centro  e  traz desde sua constituição uma autonomia vitoriosa, evidentemente na atualidade torna-se cobiçada pela instituição valorosa politicamente que construímos mas, a construção da credibilidade da AMACENTRO foi realizada por um trabalho de mais de uma década por pessoas, moradores e lideranças que, aqui vivem com “Amor ao Bairro”, e nós, ao colocarmos a Chapa 1 no processo eleitoral do próximo domingo 25/08, estamos declarando nossa identificação com os moradores e com a sociedade que aqui vive que pertencem a essa história”, define o Professor Wallace Bonicenha.

Quem é o Professor Walace Bonicenha?

Walace Bonicenha, é natural de Colatina, tornou – se morador de Vitória quando veio estudar,1985,  possui licenciatura e bacharelado em História pela UFES,  possui Pós- graduação em Educação Comunitária e Gestão Escolar, professor concurso de história, foi diretor da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Gomes Cardim, escola criada em 1906,localizada no Centro de Vitória. É Morador do Bairro Centro há 11  anos. Objeto de pesquisa é a história social do Espírito Santo, entre o livros publicas estão : Baía de Vitória Aspecto Histórico e Culturais ( 1995) e Irmandades Religiosas na Cidade de Vitória (2002).

Como foi a sua inserção na política, nos movimentos sócias, no movimento popular?

Tudo começou pela luta contra pelo direito de votar, Eleições Diretas, movimento estudantil, comunidade católica, ainda morando em Colatina. Luta por transporte escolar, “passe escolar”, movimentos populares vitoriosos, á época. Tendo como aprendizado a AMJAP – Associação Moradores de Jardim da Penha ( 1986)

Com relação ao Centro de Vitória, há uma identidade com a sua formação profissional, acadêmica e agora na politica comunitária na AMACENTRO?

Sim, a situação aqui no nosso bairro, um bairro que possui a idade , a história da cidade de Vitória, 472 anos já foi bem pior, ouve um período que a ameaça aos monumentos históricos era de demolição. Alguns já não existem mais, a antiga sede da Prefeitura, na praça Ubaldo Ramalhete, o antigo prédio do Ministério Publico na Av. Jerônimo Monteiro entre outro.

Absurdo, a história ela está sempre sendo ameaçada, por diversos interesses, interesses imobiliário, políticos, etc. Por isso temos que estarmos sempre atentos

A Chapa 1 – O amor ao Centro, nossa chapa vem de uma composição múltipla, com moradores das diversas regiões do centro, Capixaba, Esplanada, território da rua 7, Cidade de Alta, de diferentes colorações partidárias, reconhecendo as diferenças e  buscando sempre o diálogo. O conhecimento nos move, nos esclarece.

Sendo a AMACENTRO uma entidade reconhecida, o que há de ser feito para avanços na ressignificação do Bairro Centro?

Primeiro é garantir nosso reconhecimento na comunidade, junto aos moradores e sociedade como um todo, garantir nossa autonomia. Não podemos ficar atrelados a interesses políticos, somos uma entidade que represente moradores, qualidade de vida é o nosso maior foco, por isso que estamos trazendo ao debate o cuidado aos 60+.

Posteriormente, ampliar nossa capacidade de ação e respostas aos nossos problemas comunitários, problemas comuns a todos os moradores, na área de saúde, educação, transporte segurança, habitação. Recuperação de edificações antigas, prédios como o antigo IAPI, na Praça Costa Pereira, projeto de ressignificação da avenida Jerônimo Monteiro  é uma das metas da nossa gestão.

Criar reuniões setoriais, fóruns de debates com os moradores, fazer encontros não apenas deliberativos, mas também formativos. Necessitamos conversar sobre história, arte, saúde, educação entre outros aspectos que movidos favorecem a qualidade de vida. Vamos atuar em no desenvolvimento da Cultura de Paz em nosso território.

Não é apenas ocupar os espaços, é o morador ter o sentido de pertencimento, os parque e praças, as escadarias nos pertence. O parque, a praça, o palácio, as igrejas, o teatro são nossos, bens coletivos construídos pro nós que inspiram os visitantes, os turistas. Ouvir a todos é importante, pois quem vivencia a cidade, conhece suas belezas e seus  problemas.

Na área de segurança existem ações que os moradores podem contribuir?

Evidentemente, ocupando nossos espaços públicos, praças, parques, nos damos vida aos espaços, coibindo as ações marginalizadas que nos atinge. O marginal só atua com a ausência da comunidade. das pessoas de bem. Evidente que as forças de segurança devem ter a convicção de seu importante papel no processo de ressignificação e ocupação das áreas que nos é de direito, recuperando a confiança de ter o espaço, logradouro público como área de lazer e entretenimento, e não um deserto de urbano.

A questão do morador em situação de rua e um debate que a atual gestão na prefeitura não alcançou, vamos buscar dialogar sobre esse problema social que sério que envolve a Assistência Social, Saúde Pública e Segurança.

O Bairro Centro tem uma boa população de idosos, o que pensa em propor para essa faixa da sociedade?

Existem questões simples que vem da implantação do pontos de ônibus em frente ao Centro de Vivência da Terceira Idade a Unidade de Saúde, com coberta e bancos a questões mais sérias.

Temos a necessidade de aproximar as pessoas juventude, aos mais idosos, a terceira idade. Criar os eventos “Inter Gerações”, criar o diálogo entre as gerações diversas, as fases da vida existem para todas as pessoas.

Temos que ver a questão de acessibilidade, existem propostas como a criação de uma linha de ônibus, transporte circular no bairro Centro. Uma pessoa idosa ou não tem necessidade de sair da Cidade Alta e chegar na Gruta da Onça, por exemplo. Temos que pensar em acessibilidade a comunidade vizinha. As chamadas “jardineiras”, micro-ônibus cumpriam esse papel, de interligar as comunidades.

Mas o desafio será dialogar com a comunidade sobre a violência que nosso idosos e idosas estão sofrendo, sendo físicas, psicológicas, alimentares e financeiras.

Precisamos promover o retorno com êxito do DISK SILÊNCIO, muitos eventos que perturbam pelo som alto, barulho, podem ter soluções de acústica a serem implantadas.

É necessário diálogo entre as gerações. No sentido de educar de fazer a saber que as coisas tem horário para começar e para terminar. Um termo de conduta e convivência criado por moradores e comerciantes necessita voltar e ser respeitado por todos. O Centro já teve Um Código de Convivência.

Com relação a educação, o Bairro necessita de novas escolas, centro de educação infantil?

Com relação ao Ensino Médio estamos bem assistidos. Temos a EEEM Maria Ortiz, a EEEM Gomes Cardim, EEEM Colégio Estadual.

Mas, estamos em um território regional, temos outros bairros, Como exemplo cito o EMEF São Vicente, em construção. Que vai atender diversos bairros com sua sede no Parque Moscoso. Acredito que daqui a uns dois anos no máximo estará construído. mas já temos que pensar em novas vagas escolares sendo abertas, pensando no futuro, ficamos muito tempo sem investimentos e Escolas de Ensino Fundamental. Se o ensino da escola for de tempo integral, temos que avaliar a questão das vagas que estarão sendo ofertadas. Com certeza temos que iniciar o diálogo com os com a Prefeitura, professores, pais e comunidade em geral.

Com relação a CMEI, temos CMEI  Carlita,  Ernestina Pessoas e o CMEI Menino, precisamos pensar nas ofertas. Eu gosto do modelo de tempo integral, mas precisamos ouvir os segmentos que compõem a comunidade escolar, pois envolve historicamente rotinas familiares, estruturas de horários, questão da carga horária de trabalho do trabalhador, currículos e  outros aspectos.

Gosto muito da palavra integração escolar, o esporte é um caminho, convênios com o Clube Saldanha da Gama, remo, basquete, Os estágios, cursos de aperfeiçoamento, fazem parte da integralidade. Temos hoje também a questão da tecnologia, do ensino tecnológico, o mercado de trabalho exige qualificação.

Com Relação ao comercio, o bairro Centro está falido?

Não, temos um sério problema na Avenida Jerônimo Monteiro, o que se apresenta com pouco diversificado, mas é onde ainda realizo minhas compras de vestuário, cama, mesa e banho, mas no miolo, Rua Sete, Gama Rosa, Costa Pereira, Princesa Izabel o comercio é ativo.

A proposta do Governo do Estado em trazer de volta para Centro colabora na  ressignificação de vários imóveis, e está dando certo.

Precisamos ver no futuro a ressignificação de imóveis da Jerônimo Monteiro especificamente, ali sim, necessitamos de uma ação para ressignificar o comercio local. A nossa luta pelo retorno do Mercado da Capixaba, lutamos para reformar, agora temos que ver o modelo de gestão do mercado e estamos torcendo e na expectativa de sua reabertura e que tenha o rosto do Centro.

A Beira Mar terá novos atrativos, os Armazéns do Porto,  com o Museu da Vale, Secretaria de Estado da Cultura com diversos aparelhos culturais, a escola Senai de Portos,  ampliam os nossos horizontes e marcam novas expectativas.

No setor de habitação?

Tivemos um período de avanço, mas nos ótimos anos estamos sem ação de novos projetos, tivemos um período de novos moradores, o Centro de Vitória sofreu um despovoamento com a migração de moradores para novas regiões e levou ao esvaziamento de edifícios, existem muitas casas vazias e muita gente sem casa.

O Prédio do Antigo IAPI, é uma meta de nossa gestão, precisamos discutir com a Secretaria de Patrimônio da União –  SPU,  uma solução para a ocupação do prédio, e nossa gestão tem como meta tirar da conversa esse descaso e buscar o mais rápido uma definição para o patrimônio público abandonado á décadas.